Especismo

26 de Agosto de 2023 é o 9º Dia Mundial pelo Fim do Especismo.
Mas você sabe o que é especismo?
Especismo é uma forma de discriminação (isto é, um tratamento desfavorável que é injusto) contra quem não pertence a determinada(s) espécie(s). É um termo criado para se fazer uma analogia com outras formas de discriminação, como o racismo e o sexismo. O especismo acontece toda vez que é dado um peso distinto a níveis de prejuízos e benefícios que são similares em membros de distintas espécies. Importante: as vítimas do especismo são os seres sencientes, e não as espécies.
A forma de especismo mais comum é o especismo antropocêntrico, que consiste em desfavorecer quem não pertence à espécie humana. Contudo, existem outras formas de especismo não antropocêntricas (como, por exemplo, dar uma consideração diferenciada aos interesses de animais não humanos dependendo de se nutrimos empatia ou não por tais animais, ou dependendo de se suas espécies estão ou não em extinção).
Um dos exemplos mais visíveis de prática especista é a exploração animal. Contudo, as práticas especistas não se resumem à exploração animal. Por exemplo, há quem rejeite a exploração animal, mas defenda que não devemos ajudar os animais não humanos quando são vítimas de processos naturais (doenças, fome, sede, parasitismo etc.) mas que é correto ajudar se as vítimas forem humanas. Essa atitude é especista porque dá peso distinto aos interesses similares dos membros de distintas espécies.
É importante também distinguir o especismo mesmo dos vários motivos que são endereçados para se tentar justificar o especismo (isto é, as defesas do especismo). O especismo não acontece somente quando a razão alegada para se dar um peso menor aos interesses de membros de certa(s) espécie(s) é o próprio pertencimento à(s) espécie(s) em questão (como acontece na defesa definicional do especismo antropocêntrico).
Outras  formas de defesa muito comuns do especismo antropocêntrico são alegar, por exemplo, que os animais não humanos carecem de certas capacidades (como razão, linguagem, capacidade de reivindicar seus direitos etc) ou de certas relações (como de solidariedade mútua, de poder sobre nós, relações políticas etc.).
O especismo está arraigado em nosso cotidiano. Muitas vezes é difícil perceber que estamos sendo especistas. Respeitar os seres sencientes não é uma questão de escolha ou preferência, mas em dever. Se fosse você quem fosse discriminado injustamente, você acharia aceitável?

Metas ambientalistas Vs Consideração moral dos animais não humanos

Metas ambientalistas Vs Consideração moral dos animais não humanos

Arthur Ghiraldini Genovez, formando em Ciências Biológias pela UFSC e ativista da causa animal, teve seu artigo intitulado ‘Metas ambientalistas Vs Consideração moral dos animais não humanos’ publicado na Revista Peri.

O  artigo analisa algumas objeções ambientalistas à proposta de reduzir/prevenir o sofrimento e as mortes dos animais selvagens em decorrência dos processos naturais (por exemplo, inanição, sede, acidentes, parasitismo etc.) por preocupação com o bem dos próprios indivíduos afetados.

É investigado se essas objeções ocorrem devido aos meios que a proposta de intervir na natureza para ajudar animais não humanos depende (por exemplo, meios tecnológicos) ou devido à meta defendida por essa proposta ser o bem dos próprios animais afetados, em vez de uma meta que seja ambientalista (por exemplo, preservar ecossistemas e espécies).

O autor defende a visão de que as objeções ocorrem devido à meta ser centrada na preocupação com o bem dos próprios animais e que o uso de tecnologia para intervir nos processos naturais já é amplamente aceito na prática pelos próprios ambientalistas. Também é discutido a maneira como o sofrimento e as mortes dos animais selvagens é utilizado como estratégia retórica para se alcançar metas ambientalistas.

O artigo ainda traz questões importantes, porém pouco discutidas dentro da defesa animal:  como as ações ambientalistas tendem a não coincidir com o bem dos animais que serão afetados por essas ações. Por fim, também são brevemente discutidas e refutadas objeções centradas em uma suposta preocupação com os prejuízos que poderiam ser causados aos animais selvagens caso humanos interviessem na natureza para tentar ajudá-los.

Um artigo imprescindível para qualquer pessoa que deseja se aprofundar na discussão sobre o especismo e defesa dos animais.

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